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MESTRE JOÃO E A ARTE DA NAVEGAÇÃO
Este cientista era o sábio Mestre João que
integrava a frota de Cabral.
Ele localizou o Brasil com exatidão, pela primeira vez, de seu observatório
astronômico improvisado.
Este personagem além de astrônomo, astrólogo, cosmógrafo, era médico da frota.
Mestre João, Joam Faras, natural da Galícia, na Espanha, mudou-se para Lisboa
por volta de 1485. Era Bacharel em Artes e Medicina, fisios (como os
fisiologistas de hoje) e cirurgião particular de D. Manoel.
As atividades de cosmógrafo, astrônomo e astrólogo estavam até certo ponto,
ligadas à prática da medicina. Antes da tratar alguém, ainda mais um rei,
fazia-se o mapa astral de seu paciente. O próprio D. Manoel estivesse doente ou
não, mandava ver diariamente como andavam os astros.
No perigoso ambiente das caravelas do século XVI,
a presença de um médico era imprescindível.
POR QUE ?
1) As condições sanitárias das caravelas eram péssimas
2) A alimentação era baseada quase exclusivamente de uma monodieta de biscoito
duro e salgado, quase sempre podre, perfurado por baratas e com bolor
malcheiroso. A comida e a água eram guardadas no porão, sem cuidados mínimos de
higiene.
3) A maioria dos marinheiros passava tão mal que não tinha forças para subir ao
convés e fazer suas necessidades nos baldes reservados para isto. Faziam-nas no
porão, muitas vezes já recoberto pelo fruto de seu próprio enjôo.
4) O banho era considerado um malefício à saúde (achavam que 2 ou 3 por ano
eram suficientes)
Este conjunto de circunstâncias eram favoráveis à proliferação de doenças. As
doenças de pele eram as mais comuns, e até Mestre João, que era médico, contraiu
"uma coçadura" na perna, a partir da qual surgiu uma ferida maior que a palma da
mão.
O arsenal usado por Mestre João para medir a distância das estrelas :
1) Roda Mágica - o
astrolábio era uma roda dividida em graus que tinha, presa em seu centro, uma
seta móvel. Quando alinhada com os raios do sol (o que era indicado pela
sombra), a parte superior da seta mostrava, na roda, a altura do sol acima do
horizonte, o que permitia estabelecer a latitude.
2)
Kamal - ou tábua da índia, era um pedaço de nós preso em seu centro. Segurava-se
o fio com os dentes e afastava-se a tábua até que o astro ficasse encostado na
parte de cima e o horizonte na de baixo. Os nós do fio esticado diziam qual era
a altura angular da estrela.
3)
Angulo certo - para saber quantos graus um astro estava acima do horizonte,
usava-se também a balestrilha, conjunto de duas varas graduadas perpendiculares
entre si. Olhava-se por uma ponta da maior e movia-se a menor. Quando a
extremidade de cima da vara encontrasse o astro e a de baixo encontrasse no
horizonte, formava-se o ângulo com o qual se podia calcular a altura da estrela.
A certidão de nascimento do Brasil foi redigida
por Pero Vaz de Caminha e ficou perdida até fevereiro de 1773, quando foi
redescoberta pelo guarda-mar da Torre de Tombo, José Seabra da Silva.
As cartas de Mestre João ficaram na obscuridade mais tempo, sendo encontradas em
1843, também nos recônditos da Torre do Tombo.
A esquadra comandada por Pedro Álvares Cabral era
constituída por 8 naus, uma naveta de mantimentos e 3 caravelas. A esquadra de
Cabral estava ancorada a dois quilômetros da costa.
Faziam 5 dias que Cabral e sua tripulação tinham avistado os contornos
arredondados de um "Grande Monte", no entardecer de 22 de abril, 4ª feira. O
Monte foi batizado de Monte Pascoal, pois estava na semana da Páscoa.
No Brasil recém descoberto foram feitos novos estoques de água e lenha, e todos
estavam fascinados com o esplendor da natureza e a docilidade dos nativos.
Mestre João fora incumbido de uma das mais importantes tarefas : descobrir, por
meio da observação das estrelas, que terra era aquela e em que latitude se
localizava. Ele demorou para por os pés em terra por razão de doença (a ferida
inflamada na perna), precisou permanecer por mais tempo a bordo "de um navio
muito pequeno e muito carregado" do qual não havia "lugar para coisa alguma",
segundo escreveu depois ao rei de Portugal D. Manoel.
Quando mestre João meteu-se em um pequeno barco e
dirigiu-se à praia, com seu grande astrolábio de madeira, mediu a altura do sol
e calculou a latitude em que se localizava a nova terra. Obteve a medida de
aproximadamente 17 graus.
Ao observar as estrelas que luziam sobre a Bahia, mestre João vislumbrou uma
constelação de extraordinária beleza. Embora ela já fosse conhecida desde a
antigüidade e servisse para orientar navegantes a cruzarem a linha do Equador, o
conjunto de astros ainda não tinha nome. Mestre João, ao ver o desenho no céu,
comparou a uma cruz e batizou então de "Cruzeiro do Sul", a constelação que
brilha hoje no centro de nossa bandeira
(Apostila 7 da História de Portugal)